TODO DIA,... TUDO IGUAL! É SEMPRE O MESMO RITUAL! ÁGUA E SABÃO;CAFÉ COM PÃO. ESPELHO E CREME DENTAL... É TUDO IGUAL, TODO DIA. SEMPRE A MESMA MELODIA. UM BEIJINHO "MAQUINAL", "VAI COM DEUS" EU DIGO TCHAU...
O PEQUENO NERO I Imagina!... Uma criança de apenas 4 pra 5 anos, entrando em casa gritando, com uma caixa de fósforo na mão: Água!... Água!... Água!... Me dá um copo d’água Cinha!...Era como eu chamava minha prima Maricinha, que naquela época morava com agente pra poder auxiliar Dona Filó, nos afazeres domésticos que eram compatíveis para serem exercidos por uma adolescente de apenas 12 pra 13 anos, porém, muito eficiente e responsável, no que tange à assistência nos trabalhos doméstico. I I Nesse fatídico dia, a Maricinha estava sentada na mesa almoçando com meus pais: Candinho e Filó, como eram chamados pelos familiares e os amigos mais próximos. Haja copos água!... Da pia, do tanque, da moringa. Haja água!... Em menos de um minuto, aquele alvoroço. Logo em seguida o caos se alastrou. Gritaria geral. Correria, balrroadas na porta da cozinha, no corredor, na sala... E as três palavras que mais se ouvia falar naquele momento, eram: Fogo! Água! Socorro! I I I Enquanto isso, lá no fundo do quintal, o fogo consumia o sonho de toda uma vida, num só dia. Cada um, fazia o que podia, e o que não podia. Mamãe com dois filhos pequenos no colo, e creio eu, já estaria grávida do quarto e antepenúltimo filho, que pela misericórdia e a Graça de Deus, o Luiz nasceria em Caruaru. I V Em fim,... resumindo a ópera: Meu pai de cócaras chorando, com as mãos na cabeça, não sei no que ele tava pensando naquele momento. Mas com certeza, coisa boa não era... Mamãe aos prantos sentada num canto com dois filhos no colo e mais um abençoado rebento no ventre... A Maricinha perplexa, ainda jogando uns copinhos de água sobre as brasas daquela triste fogueira, que acabou transformando em cinzas, o primeiro sonho de empreendedorismo dos meus pais. V E eu?!... Ainda com a caixa de fósforos na mão, com aquela carinha de “Nero arrependido” e contemplando pasmado, Roma em chamas, pegando fogo. Eu devia estar em estado de choque naquele instante. Com o olharzinho fixo nas cinzas dos escombros que restaram de um sonho simples, honrado e verdadeiro, de um casal de autênticos nordestinos, oriundos do sertão da Paraíba. Ambos retirantes, que saíram da sua terra natal, fugindo da seca, da fome e da miséria, a procura de um lugar que lhes dessem uma oportunidade de recomeçar uma nova vida humana, digna e Cristã...
ResponderExcluirR O T I N A N D O
TODO DIA,... TUDO IGUAL!
É SEMPRE O MESMO RITUAL!
ÁGUA E SABÃO;CAFÉ COM PÃO.
ESPELHO E CREME DENTAL...
É TUDO IGUAL, TODO DIA.
SEMPRE A MESMA MELODIA.
UM BEIJINHO "MAQUINAL",
"VAI COM DEUS" EU DIGO TCHAU...
pauloandradedacosta@gmail.com
O PEQUENO NERO
ResponderExcluirI
Imagina!... Uma criança de apenas 4 pra 5 anos, entrando em casa gritando, com uma caixa de fósforo na mão: Água!... Água!... Água!... Me dá um copo d’água Cinha!...Era como eu chamava minha prima Maricinha, que naquela época morava com agente pra poder auxiliar Dona Filó, nos afazeres domésticos que eram compatíveis para serem exercidos por uma adolescente de apenas 12 pra 13 anos, porém, muito eficiente e responsável, no que tange à assistência nos trabalhos doméstico.
I I
Nesse fatídico dia, a Maricinha estava sentada na mesa almoçando com meus pais: Candinho e Filó, como eram chamados pelos familiares e os amigos mais próximos. Haja copos água!... Da pia, do tanque, da moringa. Haja água!... Em menos de um minuto, aquele alvoroço. Logo em seguida o caos se alastrou. Gritaria geral. Correria, balrroadas na porta da cozinha, no corredor, na sala... E as três palavras que mais se ouvia falar naquele momento, eram: Fogo! Água! Socorro!
I I I
Enquanto isso, lá no fundo do quintal, o fogo consumia o sonho de toda uma vida, num só dia. Cada um, fazia o que podia, e o que não podia. Mamãe com dois filhos pequenos no colo, e creio eu, já estaria grávida do quarto e antepenúltimo filho, que pela misericórdia e a Graça de Deus, o Luiz nasceria em Caruaru.
I V
Em fim,... resumindo a ópera: Meu pai de cócaras chorando, com as mãos na cabeça, não sei no que ele tava pensando naquele momento. Mas com certeza, coisa boa não era... Mamãe aos prantos sentada num canto com dois filhos no colo e mais um abençoado rebento no ventre... A Maricinha perplexa, ainda jogando uns copinhos de água sobre as brasas daquela triste fogueira, que acabou transformando em cinzas, o primeiro sonho de empreendedorismo dos meus pais.
V
E eu?!... Ainda com a caixa de fósforos na mão, com aquela carinha de “Nero arrependido” e contemplando pasmado, Roma em chamas, pegando fogo. Eu devia estar em estado de choque naquele instante. Com o olharzinho fixo nas cinzas dos escombros que restaram de um sonho simples, honrado e verdadeiro, de um casal de autênticos nordestinos, oriundos do sertão da Paraíba. Ambos retirantes, que saíram da sua terra natal, fugindo da seca, da fome e da miséria, a procura de um lugar que lhes dessem uma oportunidade de recomeçar uma nova vida humana, digna e Cristã...